A psicodinâmica do trabalho investiga a saúde no trabalho e analisa o sofrimento e as estratégias de mediação utilizadas pelos trabalhadores para redefinir e superar o sofrimento no trabalho. Essa abordagem apresenta-se como relevante referencial teórico no campo da saúde mental, no contexto de trabalho. Dejours (2008, p. 94) assinala que a análise psicodinâmica é um termo proveniente da teoria psicanalítica, que designa o estudo dos movimentos psico afetivos gerados pela evolução dos conflitos inter e intrassubjetivos.
Segundo Dejours, as contradições da relação entre capital e trabalho são os motivos que conduzem ao adoecer do trabalhador e ao sofrimento físico, psíquico e emocional. A dignidade humana, portanto, tem que ser o valor supremo no mundo do trabalho e para isso é necessário resistir e vencer as dificuldades do trabalho, mas nem todos conseguem, daí o adoecer, o sofrimento e o fracasso.
Na aula em que esse assunto foi abordado tivemos o privilégio de receber a psicologa, Cláudia Magnus, servidora do Hospital Psiquiátrico São Pedro que palestrou sobre seu estudo do Sofrimento no Trabalho. Ela deixou claro que o trabalhador não é uma máquina, e que portanto precisa interpretar as ordens e não apenas obedecer regras e normas. O perigo é a interpretação individual, que pode causar riscos à segurança, por isso deve haver este espaço para falar do trabalho e discutir as contradições entre a teoria e a prática. Só assim se chega a uma arbitragem sobre as deliberações e opiniões dos trabalhadores para adaptar a norma à experiência do trabalhador. Abaixo colocarei um vídeo onde a palestrante consegue explicar em poucos minutos o assunto de maneira resumida.
É essencial olharmos para os
trabalhadores por outro ângulo, pela ótica da psicanálise, dar sentido as
pequenas coisas, buscar compreensão do que talvez não é dito, mas sim aquilo que é
captado de inconsciente para inconsciente.
“Trabalhar é sofrer resistências” e o trabalhador se engaja nos esforços, em toda sua subjetividade, e nos relacionamentos com os colegas, portanto, afirma Dejours, “falar ao colega é um modo de nos reapropriarmos de nossa inteligência”, pois somos seres relacionais, o outro constrói minha subjetividade, e tanto no amor como no trabalho a construção da identidade é através do reconhecimento. Entretanto, como evitar sofrimento do trabalhador e ao mesmo tempo manter as regras rígidas da organização do trabalho? Fica a reflexão...
Obs.: segue abaixo, para quem tiver interesse, o link com uma palestra completa da psicologa Cláudia Magnus.
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